Notícias - Opinião
A Sombra que alimenta a Extrema-esquerda
"Descobrir a origem da nossa sombra e torná-la consciente"
Por Miguel Cruz • 20 fev, 2024 PontoRadar.com
Quando nos comunicamos, existe uma tendência de projetarmos no outro certas características da nossa personalidade. Há quem considere que essas projeções são um mecanismo natural de autodefesa, porque é comum essa identificação ser maioritariamente associada a traços negativos de determinadas personalidades. Considero, assim, que a forma como as pessoas se relacionam diz muito sobre a importância de identificarmos rapidamente as reais intenções do outro.
Carl Jung afirma que a “projeção” é um dos fenómenos psíquicos mais comuns, existindo frequentemente uma tentativa de identificarmos no outro o que é inconsciente em nós e reagirmos de acordo com isso. Devemos, no entanto, identificar a origem da projeção e torná-la consciente, para assim reconhecermos as nossas falhas que inicialmente projetamos nos outros. É aqui que relaciono esta capacidade de absorver estas projeções no nosso consciente, numa perspectiva de crescimento individual para o bem-estar do todo. Compreendo que não seja tarefa fácil, porque são poucos aqueles que têm coragem para enfrentar as próprias fraquezas. Ao existir uma confiança excessiva na superioridade moral da extrema-esquerda, que os impede de interagir de forma construtiva com pessoas que pensam de maneira diferente, concluo que isto não é mais do que o medo de perder na argumentação, porque é muito fácil tocar na ferida e fazê-los enfrentar a sua própria sombra.
Lidar com as próprias falhas, aprender com elas, construir em cima dessas mesmas falhas um produto, serviço, projeto, ou seja, uma vida melhor, são elementos aos quais os empreendedores e todos aqueles que não vivem da subsídio-dependência e do Estado estão habituados a lidar todos os dias. Parece-me, assim, claro que quem tem melhor capacidade de criar grupos de trabalho, organizar suas ações em prol da obtenção de melhores resultados, quer a nível individual ou em função do coletivo, são aqueles que estão habituados a não projetarem as suas falhas no outro. Em contradição, com este nível de comportamento e o fracasso em confrontar a própria sombra, faz com que ela cresça em alcance e influência. Ou seja, aqueles que dependem muito da projeção para se protegerem da sua própria sombra e nunca se esforçam para a questionar, acham que a imagem que eles têm de si mesmos, talvez seja perfeita demais. E, em consequência disso, normalmente vão criando inimigos pelo caminho, com as pessoas a aperceberem-se que foram usadas como bode expiatório, e naturalmente se afastam.
Não me considero um especialista em avaliar comportamentos, muito embora o facto de lidar com vários grupos de trabalho, quer a nível empresarial quer político, me desperte para um tema que cada vez me é mais querido, que é o da inteligência interpessoal e liderança. Acredito, por isso, que as pessoas ligadas a grupos de extrema-esquerda recorrem a formas mais eficazes de criar os seus bodes expiatórios nos grupos e não no indivíduo, originando consequências mais perigosas para a sociedade. Porque aqueles que têm posições de poder podem desviar a atenção das suas próprias atividades. E o dano que eles podem estar a causar, usando falsa propaganda e outras técnicas de manipulação, acusando, por exemplo, certos grupos de serem fascistas, racistas, xenófobos, entre outros nomes que agora parecem ter entrado em moda a fim de lançar a culpa nos outros, é muito nefasto para a sociedade, tácticas usadas pelos partidos de extrema-esquerda e grupos divisionistas, nomeadamente o Bloco de Esquerda, SOS Racismo e os Black Lives Matter desta vida.
Devemos, sempre que possível, procurar sair de baixo dos holofotes, para descobrir a origem da nossa sombra e torná-la consciente. Caso contrário, seremos levados a uma guerra para que, no fim, cheguemos à conclusão que afinal não passamos de um animal estúpido.