Notícias - Opinião
A Rede Invisível do Sucesso
"O networking é a espinha dorsal do empreendedorismo."
Por Contabilidade Espinho • 26 out, 2024 PontoRadar.com
O networking não se faz só quando é preciso, mas sobretudo quando não se precisa de nada. É nas conferências, nas formações, nas viagens de negócios que se semeia relações.
Ao longo da vida, uma coisa parece tornar-se cada vez mais clara: não são apenas as ideias geniais que movem o mundo. Há algo invisível, quase inefável, que liga as pessoas, as oportunidades e os projetos: o networking. Esse conceito, que soa tão moderno, é na verdade tão antigo quanto a primeira vez que dois seres humanos perceberam que juntos podiam caçar mais, sobreviver melhor, prosperar.
No empreendedorismo, o networking não é um adereço, é a espinha dorsal. E quem acha que pode subir sozinho a montanha, que confie apenas no seu talento, está condenado a perder-se nas encruzilhadas. Porque no vasto e imprevisível oceano do mundo empresarial, é a capacidade de construir e cultivar relações que muitas vezes decide quem naufraga e quem chega ao destino.
Há quem ainda olhe de lado para o networking, confundindo-o com favores ou, pior, com uma espécie de "cunha" moderna. Ledo engano. Networking não é um telefonema entre amigos para arranjar um lugar de chefia no banco do bairro. É, antes de mais, uma troca constante de valor. Uma rede de confiança que se tece ao longo do tempo, alimentada pelo reconhecimento mútuo de capacidades e pela partilha de saberes.
Por outro lado, ao contrário do que muitos querem acreditar, o networking não é exclusivo das elites. Num café de esquina, numa conversa de corredor, numa troca de ideias entre colegas, muitas vezes está a semente de uma colaboração futura, de um investimento certeiro ou de uma nova visão para um projeto que parecia fadado ao fracasso. Tudo depende da forma como nos dispomos a ouvir o outro, a aprender com ele, a perceber que cada pessoa que cruzamos na nossa vida pode ser, em si, um "acelerador" para o nosso próprio sucesso.
Portugal, com a sua escala geográfica reduzida e a sua economia tantas vezes dominada pelas redes pessoais, pode parecer o terreno ideal para este jogo de ligações. Mas não é bem assim. O networking não floresce num ambiente de mero compadrio ou de tribalismos de classe. Ele cresce e ganha força onde há meritocracia, onde há espaço para o mérito se destacar, para a competência ser reconhecida. Um país que olha com desconfiança para os que "aparecem" — sem questionar porquê — está a cortar a sua própria capacidade de crescer.
O empreendedor de sucesso sabe que o networking não se faz só quando é preciso, mas sobretudo quando não se precisa de nada. Ele cuida da rede com a paciência de um jardineiro, sabendo que, no momento certo, essa rede se revelará crucial. É nas conferências, nas formações, nas viagens de negócios, ou até nas redes sociais que ele semeia relações. E, mais importante ainda, é nas conversas francas e nos cafés partilhados que ele constrói pontes de confiança.
Além disso, há uma ideia errada que precisa de ser desfeita: o networking não é uma questão de quantidade, mas de qualidade. Não é sobre o número de cartões de visita que acumulamos, ou os "amigos" que temos no LinkedIn. É sobre saber com quem contar, quem pode ajudar a abrir portas, quem tem o poder de influenciar decisões, quem está disposto a investir, tanto financeira como emocionalmente, num novo projeto.
E a verdade é que o networking traz consigo um efeito multiplicador. Uma boa rede não só abre portas que antes pareciam intransponíveis, como também nos torna melhores profissionais. Porque somos desafiados, somos obrigados a questionar as nossas certezas, a rever os nossos métodos, a confrontar as nossas fraquezas.
No fim, o empreendedorismo é, acima de tudo, uma jornada solitária. Mas o que nos liga aos outros — essa rede invisível de confiança, respeito e reciprocidade — é o que torna essa jornada possível e, em muitos casos, frutífera.
Quem quiser triunfar no mundo do empreendedorismo precisa de aprender a fazer uso desta rede. Porque, sejamos claros, ninguém chega lá sozinho. Como diria o velho ditado africano: "Se queres ir rápido, vai sozinho. Se queres ir longe, vai acompanhado". E, no mundo feroz do empreendedorismo, quem não tiver uma boa rede está sempre a um passo de cair no vazio.